29 de junho de 2013

Um sonho realizado, uma pessoa mudada - Parte 4

    Pois é, mais uma vez demorei para fazer o novo post. A vida tá corrida, mas minha vontade de compartilhar essa experiência, e escrever mais um pouco, não acaba. Então vamos lá.


Irmandade até na altitude

    Partimos do Vale de las Rocas para as Lagunas Altiplanas, e durante o trajeto, nosso guia Luis Mario nos apresentou a folha de coca (Importante: a folha não é uma droga. É tradição antiga local e deve ser respeitada). Ele levava um pacotinho com várias delas, e continuamente as mascava. Perguntamos para ele porque mascava, quais eram os efeitos. Acho que ele e todo boliviano responderão a mesma coisa sempre: bom contra o soroche, tira dor de cabeça, tira sono, tira fome.. TUDO! haha Masque uma folha de coca e tenha vida eterna! Provamos então a iguaria. Ela amortece a língua e de fato ajuda contra o mal da altitude. Chegando nas lagunas a primeira impressão foi fantástica. Um lugar calmo, com flamingos se alimentando, com uma montanha gigante sendo refletida e com minúsculos bichinhos-rosa na água (acredito que os flamingos devam pegar a cor deles, após beberem essa água). Lindo demais! E era só o começo...

Laguna altiplana, Bryan e os flamingos
Após, conhecemos outra laguna altiplana e lá foi nosso ponto de parada para almoço, após belas fotos. Um dos almoços mais exóticos que já fiz: a mesa e os bancos eram pedras, o prato principal era lhama e não tinha idioma oficial, ouvia-se espanhol, inglês, japonês e português. Mas para não parar com as novidades, meu primeiro sonho começava a se realizar: uma nuvem escura anunciava a neve chegando. Partimos em direção a ela, e aquele carinha que em 21 anos nunca havia visto neve nem de longe, implorou ao guia para que houvesse uma parada. Pedido aceito. Descemos e todos ficaram fascinados com tudo aquilo. Era um vento gelado cortante, mas uma neve linda caindo. Não tinha frio que desanimasse! Posteriormente, chegamos à terceira laguna do dia - laguna verde (minha preferida, porque será? haha). Ali a neve já tinha passado e acumulado várias porções entre as rochas. Paramos para tirar fotos e conhecer o local. O contraste entre neve, céu azul, solo avermelhado e flamingos foi uma das coisas mais bonitas que já pude ver. A viagem toda valia a pena se só tivéssemos conhecido a laguna verde. 

Contemplando a laguna verde
    Mas a viagem tinha que seguir. Próximo ponto: árbol de piedra. Porém, antes desse ponto turístico famoso da Bolívia, mais uma parada para brincar na neve, afinal não é todo dia que se tem essa chance. Boneco de neve, anjinho, guerra de bolas de neve, desenhos e frases feitas no chão... todos voltaram a ser crianças. O guia se impressionava com o fato, em pleno verão (apesar do frio e da altitude, não é tão comum isto ocorrer), e aproveitou para incentivar-nos a tirar "fotos especiales". Seguindo o roteiro, conhecemos a árbol, o deserto que a cerca e todos aqueles aglomerados de rochas erodidas, que tinham formas curiosas e geralmente lembravam algum animal ou objeto. De lá, seguimos para a laguna colorada. O dia não ajudou muito: havia muita nebulosidade e impedia que a cor característica dela ficasse tão escancarada. Mesmo assim valeu a pena. Pelo que nos contaram, essa laguna e a verde possuíam essas cores características devido aos minerais presentes nos dois locais. Não pesquisei a fundo para descobrir o real motivo, embora nem precisasse. Conhecê-los, imponentes entre as montanhas nevadas, já bastava. 
A trágica janta =/
O dia turistando acabava por ali. Partimos em direção ao segundo alojamento, onde passaríamos a outra noite fria do tour. Era fim de tarde, mas a janta já começava a ser preparada, pois à 22 horas a luz era cortada no "hotel". E QUE JANTA! Toda aquela lenda de hotel sem luz, comida ruim, camas duras e clima hostil eram balela. Tínhamos boa companhia, comida boa e camas confortáveis. A comida era tão boa, mas tão boa, que no outro dia eu e o Lucas passamos mal. Abusamos da macarronada (acompanhada por vinho, mas juro que foi o macarrão que deu o problema) e tivemos problemas. Não sei se a altitude atrapalhou em algo, mas não acordamos bem. Bom, nem tudo é perfeito, né?
    Com todos levantando às 6 da manhã, fomos em direção aos pontos mais altos da viagem: todos acima de 4000 metros de altitude. Acompanhados de uma temperatura abaixo de -10º C. Era frio, mal estar e muita neve. Conhecemos os gêiseres sol de la mañana, mas não consegui ter muita disposição para aproveitar a visita. Após, nosso grupo seguiu para as águas termais da região, onde se encontrava uma piscina artificial, com água quente natural (cerca de 30º C) em meio a montanhas nevadas. Lugar paradisíaco e inacreditável.

A "sopa de turistas"
Como podia uma água tão quente num local tão frio? Apesar to mal estar, fui obrigado a tomar um banho na piscina, com o pessoal do grupo. O guia Luis Mario, sempre bem humorado, chamava o lugar de sopa de turistas, por motivos óbvios. Mas era praticamente impossível um turista resistir a essa experiência e àquele lugar. Só estando lá para saber (desculpem, não adjetivos para o presente que a natureza nos dá nesse local).
    Saímos do calor debaixo das roupas, ficamos no frio sem camisa e com bermuda de banho, voltamos para o calor - agora da piscina - e voltamos a passar frio, muito frio, ao sair da piscina com pouca roupa.

Precisa dizer algo?
A alternância de temperaturas extremas + mal estar + altitude resultam no que? Um Bryan com a visão escurecida após sair das águas termais para buscar sua toalha e sua roupa quente. Consegui chegar até o jipe e lá sentei, para tentar recuperar a visão. Tinha uma respiração ofegante, que me preocupou muito. Não havia ninguém por perto e não tinha forças para gritar para ninguém. Aos poucos comecei a enxergar o entorno e me deparei com uma toalha molhada na cabeça, sem camisa e com uma bermuda também molhada. Fui o mais rápido que pude até o local onde tinha deixado as roupas e coloquei-as tão logo quanto cheguei. Os dedos dos pés e das mãos já doíam de frio. Situação muito desconfortante, que foi passando, felizmente. O Lucas teve algo parecido, mas menos intenso. Era o primeiro grande perrengue dos dois. É bom, para ter história para contar (como agora haha).
    Este então foi nosso último ponto importante de parada. Após muito lugares incríveis e a boa companhia dos nossos amigos bolivianos, equatorianos e ingleses, o tour chegava ao fim. Retornamos para Uyuni, pegamos o restante das nossas bagagens na agência e fomos à ferroviária, comprar as passagens de volta para Oruro. Era fim de tarde e tivemos que esperar a abertura do guichê, às 23 horas. Momento para recarregar a mochila com guloseimas, além de descansar/dormir no banco da ferroviária. Pagamos novamente 56 bolivianos pelo Expresso del Sur e seguimos então para Oruro. Desta vez, a viagem não foi tão bonita quando na ida, por ser durante a madrugada. Aproveitamos para dormir e chegamos no início da manhã em Oruro. Chegando lá, já compramos a passagem para Cochabamba, com a empresa Coral, pelo valor de 20 bolivianos, as 7 horas da manhã. Cochabamba serviu-nos, novamente, apenas de escala. E de lá partimos para La Paz, porém os dias em La Paz serão contados somente no próximo post.

Fim do Tour de Lipez, adeus Uyuni!

Espero que tenham gostado deste novo relato e espero mais ainda que eu não demore tanto para postar o próximo. Até mais :)


4 comentários:

  1. Ai, ai...queria ter lido seus posts antes de viajar! Certamente teria aproveitado bem melhor minha passagem pela Bolívia! =)

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  2. VOCÊ NÃO VAI FALAR DO DESERTO DO SALVADOR DALÍ? SEU VACILÃO! HAUIHAUIHUAIHAIHUIHAHAUIHA

    ps: Vários do nosso grupo tiveram o 'perrengue' da queda de pressão! Não foi o choque térmico de sair d'água, foi o de entrar e ficar lá e se acostumar (depois de estar 'acostumado' com o bendito frio).

    Beijos, seu parceiro de viagem.

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  3. Olá!
    vc poderia confirmar o nome da agencia que vc fez o tour, ou tem o site? Não consegui encontrar e estamos indo o mes que vem.
    obrigada!

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  4. Oi Lili!
    A agência do Tour de Lipez foi a Full Adventure.
    Na rua dela tem diversas outras. Em Uyuni em cada canto tem uma agência e pessoas te oferecendo o pacote. Cabe a ti negociar o melhor preço e analisar a estrutura da agência. Boa viagem (:

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